“Juventude, idade de ouro!”

     Querer é Poder – porque o ser humano é capaz de sentir, sonhar e amar; querer e poder ser diferente, mesmo na angústia, no sofrimento ou mal-estar em geral.

      Nesta plenitude contraditória, surge a existência prodigiosa do ser humano, referente de outro infinito, cuja grandeza se glorifica em todas as criaturas; movimentando-se entre elas, o Homem, esse ser, capaz de se reconhecer em toda a complexidade de constrangimentos que o envolvem e o suspendem, mas só enquanto este não se liberta!

      A Juventude é determinada, pela sua real coragem, pelo seu entusiasmo no gosto de viver entre o que há de mais belo; num sorriso de esperança e num desejo de em cada dia sentir-se melhor, mais feliz e mais justo. Vivendo na abertura gratuita ao outro e na vontade comprometedora do seu élan vital, é sem sombra de dúvida, a idade de ouro, a idade que levará o homem pelo caminho até à consubstanciação da sua Fé, da sua Esperança e da sua Realização, no tempo que se há de seguir por todos os dias da sua vida.

     Este comportamento, franco e promissor, é o maior valor espiritual que orienta o jovem em toda a sua caminhada, que vai sendo histórica, no sentido supremo da vida; valor que permitirá exclamar com solenidade e respeito, por condições de felicidade responsável no presente e no futuro, pelos juros do " capital" que vai sendo investido, no trabalho, no estudo, no desporto, na música, na ciência, sempre perante as maiores ou menores dificuldades.

     Acredito que a pobreza no Mundo irá diminuindo com a melhor organização social Mundial, sobretudo na melhor distribuição dos bens alimentares e económicos. O Mundo será certamente, mais rico e mais próspero, quando o “nosso querer” se revelar mais profundo e mais global, nos interesses sociopolíticos da vida da nossa sociedade.

     Será mais livre, quando for mais aberto e dialogante entre pensamento de todos os povos: o exemplo mais poderoso e mais determinante poderá vir de vós, pela vossa formação mais cuidada nos domínios científicos e tecnológicos mais modernos e, acima de tudo, pela elevação no ato de julgar: ser Verdadeiro, Respeitoso e Responsável

     Será este o Capital propiciador para uma riqueza económica mais equilibrada, permitindo, por certo, uma afirmação mais convicta e respeitável sobre a dignidade humana, neste mundo, ainda tão conturbado e confuso.

     A dignidade de um povo reflete-se nas suas gentes, especialmente, nas pessoas mais jovens; pelo seu interesse, pela sua grande vontade em tornar o Mundo melhor, no seu desejo de afirmação pessoal e ainda pela sinceridade no cumprimento dos objetivos universais da Humanidade

     Olhem, que os mais velhos e as crianças sempre vos procuraram seguir, mas, já não são muito raras as vezes, em que nos nossos dias, teimais em deixá-los ancorados no seu estado de insegurança. Os ventos da sua fortuna fustigarão toda a formação moral e ética do mundo, e as instituições serão as primeiras responsáveis, pois apesar do esforço global que têm feito, não tem sabido o suficiente, como evitar e controlar tal perigo.

     Não se poderá continuar a justificar tudo em nome da liberdade; permitindo-nos à incapacidade e ao servilismo comprometido: a liberdade impessoal termina onde começa a responsabilidade e o empenhamento de todos.

     Se vós, jovens, consentirdes por indiferença ou alheamento, na destruição de tudo quanto vos reverencia no ato volitivo e na nobreza de objetivos; não dignificais a força e a beleza criadora, e melhor fora que os vertebrados que somos, nunca tivéssemos sido capazes de reconhecer a nossa natureza.

     Uma natureza, aparentemente contraditória, quando se é capaz de reconhece até onde podemos ser livres, por nos julgarmos diferentes e mais capazes que os seres irracionais; mas não compreendermos voluntariamente que perante o Criador seremos apenas criaturas, embora com funções diferentes, mas entre o mesmo Universo, só seremos parcialmente livres, por podermos ser autónomos nas decisões e capacidades de realização de toda a ação humana.

     Importa, por isso, que o presente deva consolidar-se num real autêntico de liberdade, justiça, vontade e ação; sendo a vossa força, neste período da vida, mais atuante e exigente no sentido ético e político; a juventude será a classe mais capaz para o realizar; evitando tanto quanto possível, nesta idade que sendo a mais empolgante e dominadora, seja impedida da sua afirmação na escola ou no trabalho, na saúde ou na diversão, na amizade ou na temperança, no desporto ou na música, em tudo quanto alicerça e consubstancia a vida na sua totalidade terrena.

     Tudo isto é possível, sem o recurso a qualquer ato de violência, de imobilismo ou inépcia, de raiva ou de rancor, antes, pelo recurso da inteligência e da vontade, no diálogo, em silêncio ou com os outros; pelo encontro amigo e sem reservas ocultas; ainda que nos cause embaraço, mas, não podemos amar ninguém, se não formos capazes de dar o nosso melhor.

     Tenhamos consciência, e vós jovens nos alertem com o vosso exemplo, na necessidade humana de dar, sempre que para tal sejamos solicitados. Deus nos premiará, mas, ficará mais radiante; se o reconhecerdes sem vaidades nem ostentações revivendo em cada momento, uma abertura possível, mais brilhante e mais sentida.

     Com o tempo compreendereis que o homem é como um leve pássaro que salta de pernada em pernada, até encontrar a forma de decidir e optar na sua qualquer condição. Caminha “voando”, pensa sonhando e decide-se nunca convencido de ter feito tudo; rejubilando garbosamente, quando pensa ter feito o melhor que lhe foi possível e capaz.

     Em vós se reúne a esperança que fortifica os mais velhos e dá alento ao futuro, justificando sem reservas a entrega do facho que é a luz e a semente da glória. Nestas circunstâncias, existe a essência do querer e do poder, para vencer os obstáculos da iniquidade e do imobilismo tendentes a impedir a revitalização dos objetivos supremos da juventude e da humanidade.

Macedo Teixeira