Quando As Estrelas Acordam (Texto 7)
Nota: Para quem desconheça e possa desejar ter conhecimento das ideias desta obra, decidi publicá-la em vários textos, sendo que alguns ou todos, serão traduzidos para a língua inglesa.
(TEXTO 7)
O fogo é uma porção de gás na qual se produzem reações químicas com produção de calor e de luz; acompanha frequentemente os fenómenos de combustão; é um exemplo de plasma. (3)
O conhecimento do fogo por parte do homem deve ser tão antigo como ele próprio. (4) Podia ser observado nos vulcões que houvesse na região ou também nos incêndios das florestas, ocasionados pelos raios, pela fricção dos ramos secos ou pela ignição espontânea. De todos os seres existentes na Terra nenhum animal possui essa habilidade. Não se sabe como conseguiu dominá-lo; parece, no entanto, haver sido num momento bastante prematuro da história. É provável que o homem de Pequim já se servisse desse elemento há 350.000 anos.
Para além dos seus próprios músculos, o fogo foi a primeira fonte de energia de que o homem dispôs. Com ele dava luz e calor à sua gruta, o que permitiu que vivesse na Europa e Ásia durante o último período glacial. A princípio, o fogo infundia temor, pois os incêndios das florestas e pradarias afugentavam as presas do caçador e ameaçavam a sua casa. Porém, uma vez aprendida a arte de “tomá-lo emprestado” à natureza, converteu-se num poder benfeitor, já que servia para afugentar o medo; era tido, portanto, como algo sagrado.
Quase todas as descrições mitológicas consideram o fogo como um roubo feito aos deuses: o mito grego de Prometeu é a lenda mais conhecida sobre como o homem se apoderou do fogo. Prometeu roubou-o aos deuses e como castigo foi acorrentado a uma rocha e atormentado por um abutre que lhe foi devorando o fígado.
O fogo tornou-se assim num símbolo sagrado, que ardia sobre o altar das oferendas para aplacar a ira dos deuses. As chamas elevavam-se como uma súplica de expiação. Na Igreja Cristã, a chama das velas ilumina os altares das igrejas do mundo inteiro. No primeiro dia dos jogos olímpicos da Antiguidade, acendia-se uma chama em honra de Zeus. Em 1936, renovou-se essa tradição: o facho é transladado do templo de Zeus em Olímpia até ao lugar onde se realizam as competições.
Para que haja combustão com chama são necessários três elementos - material combustível, oxigénio e calor adequado. Quando se coloca de boca para baixo um copo sobre uma vela acesa, quando o oxigénio nele contido é consumido, a chama apaga-se.
A combustão é uma oxidação. Quando, por exemplo, o carvão é queimado, cada átomo de carbono combina-se com dois de oxigénio. O carvão, então, oxida-se, convertendo-se em bióxido de carbono; para isso tem que consumir oxigénio.
O fogo é sinal visível de uma reação química: a substância que arde combina-se com o oxigénio do ar. Só os gases podem arder com chama. Portanto, para que um combustível possa arder com chama, deve ser antes gaseificado.
Uma substância somente começa a arder quando aquecida a uma determinada temperatura, chamada temperatura de ignição. Na combustão produz-se o calor que mantém a temperatura acima do ponto da ignição, de maneira que a reação possa continuar. Se a temperatura se torna suficientemente alta para que a substância comece a gaseificar-se, aparece, então, o fenómeno luminoso, o fogo. Toda a combustão no ar – com chama ou sem ela – supõe a combinação de uma substância com o oxigénio. A reação química assim produzida é uma oxidação e as novas substâncias que se formam chamam-se óxidos. Todos os combustíveis comuns contêm obrigatoriamente carbono. A hulha e o coque são carbono mais ou menos puro; o gás de cidade, o butano, a gasolina, o petróleo e o óleo pesado são compostos químicos de carbono e hidrogénio (hidrocarbonetos).
Numa combustão completa – em que todos os componentes combustíveis desaparecem -, a partir do carbono forma-se bióxido de carbono (anidrido carbónico); a partir dos hidrocarbonetos forma-se bióxido de carbono e água (que é óxido de hidrogénio). Se a quantidade de oxigénio é insuficiente para uma combustão completa, forma-se óxido de carbono, que é um gás venenoso. O lume de uma lareira, cuja tiragem esteja fechada de forma a que entre pouco oxigénio, pode causar perigosas intoxicações por óxido de carbono. Se a combustão do carvão de pedra e de madeira é muito incompleta, forma-se alcatrão. A maioria dos combustíveis contém substâncias minerais que não ardem, subsistindo sob a forma de cinza.
A cor de uma chama gasosa pura depende da substância que se queima. A chama dos hidrocarbonetos é azul, se há oxigénio suficiente.
A coloração é praticamente independente da temperatura da chama. Se substituir-se o ar por oxigénio puro (por exemplo, num maçarico), a chama vai aquecendo mais e brilha com maior intensidade, porém continua a ser azul. Quando se aquece um corpo sólido, este adota diferentes cores, segundo a temperatura. As partículas sólidas incandescentes do combustível são as que dão cor à chama: do vermelho escuro (entre 600 e 800º.C), laranja e amarelo (entre 1100-1200ºC), até ao branco deslumbrante, quando a temperatura ultrapassa os 1500º.C.
Do que é dito, não se pode deixar de constatar, apesar de tudo, qual a importância que tem este elemento para a nossa sobrevivência, mas também já se disse que o hábito e o uso fazem valer os valores e permitem identificar a sua origem no sentido da sua função. E se o fogo em certas circunstâncias causa aflição e sofrimento, elas são o produto da nossa ação cultural que nem sempre tem em conta os efeitos da má aplicação dos fatores da cultura nem tem em conta as leis naturais que são incondicionadas.
Por outro lado, já vimos que podemos usar as palavras para prender a atenção, convencer os outros sobre os nossos desejos, impor de uma forma culta aquilo que queremos que pensem e gostem, mas perante as leis da natureza não podemos proceder do mesmo modo.
Se não prestarmos atenção nem cumprirmos objetivamente com a sua ordem, as consequências negativas são imediatas. Serão atitudes como estas que nos levam a pensar que não somos livres, mas, pensando melhor, nós seremos sempre livres se cultivarmos o hábito para a liberdade e demonstrarmos nos usos, seja da natureza ou do homem, que a nossa liberdade está nas próprias leis, e é livre quem delas souber fazer uso.
É, por isso, altura de nos lembrarmos de novo como é importante o hábito para o infinito, pois é ele que conduz à dimensão do espírito, nos aproxima da fonte da verdade e nos faz ver o que somos e que liberdade temos.
(páginas 24-28)
3 (Enciclopédia Viual Combi (Grolier), Volume Nº.1, Tema o" Fogo" .