Ser e Instante / Being and Instant
Ser e Instante
Macedo Teixeira
Tenho lido, entre outros, alguns excertos de opinião, que me ajudam a compreender melhor o nosso mundo. Outros, nem por isso, são acutilantes no atingir de propósitos, mas colocam-nos perante particularidades, em que facilmente soltam a crítica mais feroz, para descerem em ambas as partes ao ataque pessoal e mesquinho.
Às vezes, apetece-me tomar uma posição, seguir por um dos lados da questão, para não continuar a estar só e à espera que a situação do mundo melhore; à espera que os homens se entendam à semelhança do ser que somos, compreendendo a exigência natural e necessária de termos de coexistir num tempo, numa vida e num espaço provisório.
Aliás, tenho continuado a não querer fazer a vontade a um amigo, que um dia, quando eu era jovem, me disse: “Quer queira, quer não, terá de escolher um grupo; nós vivemos num mundo de homens, que gostam mais de ser alinhados, e você não será exceção!”
Ora, pensando bem, ainda que já bastante mais velho, continuo a não fazer a vontade ao meu amigo, pois continuo a pensar que existe uma parte para a qual todas as outras deverão convergir.
Continuo, por isso, a caminhar a direito e a olhar para as outras partes, quer dizer, continuo a seguir em frente, mantendo-me firme e crítico em todas elas, mas sem me perder, nem me prender a nenhuma; pois nenhuma das partes será única, nem nenhuma terá porventura toda a razão.
Porém, continuo a caminhar entre uma certa solidão e, só às vezes, sem contar, aparece-me alguma companhia nesse caminho. Continuo a escrever o que sinto, a fazer e a pensar sobre a realidade, para me incentivar a mim e aos outros, com vista à descoberta do que estará mais certo e será porventura mais verdadeiro; reconhecendo, com gratidão, que somos humanos, limitados e enxertados na insaciedade.
Prometi, a um certo tempo, que tudo haveria de fazer para inspirar à convergência de ideias e de pensamentos, de inspirar para bem de todos nós e, especialmente, para o bem do Mundo. Prometi que tudo o que fizesse, dissesse ou pensasse seria sobre a forma de postulado ou de proposta; pois, com humildade, reconheço que ninguém terá nunca a verdade plena e, neste mundo em que vivemos, a nossa vida é um sonho que se vive a caminhar, a descobrir e a aprender.
Permitam-me, então, que vos fale do Instante, como a via para a qual todas as outras deverão convergir, como a via de superação e de tranquilidade para o infinito, que procuro atingir num tempo que é fugaz e com uma sociedade cheia de contradições.
Agora já será depois; um Instante, é um momento a que me prendo, mas só enquanto não sou livre, para entre outro momento poder vir a sentir-me ainda mais perto de Deus e dos homens no Mundo.
Being and Instant
Macedo Teixeira
I have read, among others, some excerpts of opinion, which help me to understand better our world. Others, not so much, they are piercing in the reaching of purposes, but they put us before particularities, in which they let go the most ferocious critique, to descend in both parts to the personal and narrow-minded attack.
Sometimes, I feel like taking a position, following for one of the sides of the question, to not continue to be alone and waiting for the situation of the world to get better; waiting for men to understand each other in similarity to the being we are, comprehending the natural demand of having to coexist in a time, in a life and in a provisional space.
Besides, I have continued to not wanting to do the will to a friend, who one day, when I was young, told me: “Whether you want it or not, you will have to choose a group; we live in a world of men, who like more to be aligned, and you will not be an exception!”
Now, thinking well, though enough already older, I continue not to do the will to my friend, since I continue to think there is a part for which all the others shall converge.
I continue, therefore, to walk straight ahead and looking to the other parts, I mean, I continue to move on, keeping myself firm and critic in all of them, but without losing myself, nor clinging to any; for none of the parts will be unique, nor any will have perhaps all the reason.
However, I continue to walk among a certain solitude and, only sometimes, without counting, it appears some company on that way. I continue to write what I feel, to make and think about reality, to stimulate myself and the others, regarding the discovery of what will be more right and will perhaps be truer; acknowledging, with gratitude, that we are human, limited and grafted in insatiety.
I promised, to a certain time, that I would do everything to inspire to the convergence of ideas and thoughts, of inspiring to the good of us all and, especially, for the good of the world. I promised that everything I would do, say or think would be in the form of postulate or proposal; since, with humbleness, I acknowledge that no one will ever have the full truth and, in this world we live in, our life is a dream that we live walking, discovering and learning.
Allow me, then, to speak to you about the Instant, as the way to which all the others shall converge, as the way of superation and tranquility to infinity, which I seek to reach in a time that is fugacious and with a society full of contradictions.
Now will already be after; an Instant, it is a moment I cling to, but only while I am not free, so that between another moment I may come to feel myself even closer to God and to men in the world.