Sementes da Verdade

09-11-2012 16:58

SEMENTES DA VERDADE

SEGUNDA PARTE

DA POLÍTICA PARA A MORAL

 

V

A Escola da Vida e a Vida da escola

 

    O desenvolvimento do conhecimento pelas acções espontâneas e sua aplicação na vida de cada homem, especialmente o que resulta de acções de aprendizagem pelas experiências impostas pela escola da Vida; mostra como de uma perfeita articulação de vontades e desejos motivados pela Verdade, resultam limiares de entendimento, que se inscrevem na perfeição da vida de orientação pela escola, organizada por diversos modelos científicos de conhecimento. E mostra também, como a Sabedoria traça os rumos que as comunidades devem seguir para percorrerem a Estrada da Verdade e, se elas não se desviarem dos princípios fundamentais que a constituem, mesmo com desenvolvimentos mais atrasados e menos eficazes nas respostas, as comunidades viverão em harmonia e aprenderão a responder às solicitações que a Verdade lhes vai impondo.

    Somos, na destrinça pedagógica, forçados a nominar as atitudes e respostas que resultam da imposição da escola da Vida, em atitudes espontâneas e naturais – onde a coordenação dos actos se situa no desenvolvimento potencial sobre a aprendizagem socializada. E é no desenvolvimento potencial humano, que se activam os valores que vão indicando como hierarquizar as condutas interiores nas respostas experimentais exteriores; surgindo, nesta complexa e íntima ordem corporal e mental, as respostas consentâneas com o sentimento e apelo que a Verdade efectua a cada um de nós – esclarecendo-nos e orientando-nos com maior rapidez e certeza; pelos nossos conhecimentos mais ou menos desenvolvidos e de acordo com o assunto em questão e a comunidade envolvida.

    Não deixa, porém, de ser a Verdade que orienta as nossas acções e condutas mais equilibradas, consensuais, concordantes ou discordantes, contraditórias e explosivas. Surpreende cada um de nós, mesmo até os mais esclarecidos, cada grupo de cidadãos quando, empenhados nas actividades mais diversas e a exigirem respostas prontas e oportunas, o fazem com tanta leveza e docilidade apropriada, que poucos se apercebem que o que está a coordenar a vitalidade de tais acções é a Sabedoria popular ou erudita, que responde a cada um, mesmo antes de este saber o que responder; ou seja, a resposta pronta situa-se no inconsciente, que previamente se estruturou em pequenas partes dessa mesma resposta.

    Um exemplo mais concreto do que se afirma, poderá ser conseguido na análise de qualquer actividade comercial ou mesmo industrial, num lugar público ou num lugar privado e sobre bens de outrem ou de si próprios. Se se tomar o “lucro ou ganho” como princípio específico da Verdade do Comércio e da Indústria, todas as mercadorias inspiram e estruturam no nosso inconsciente a ideia de “ganho ou de lucro”. Assim, perante a rapidez da actividade recíproca de compra e venda – quem vende, pensa em ganhar e quem compra, pensa a mesma coisa. Então, o que compra valoriza o produto ou mercadoria, mesmo antes de saber o preço, e o que vende efectua a mesma operação. O que vende, apoia-se no preço já feito em vista da mercadoria e olha o talão de preços tranquilo como olhou a qualidade e aceitou o preço pelo qual comprou a mercadoria; e o que intervém na compra, olha o produto pelas mesmas regras e decide-se, às vezes, mesmo antes de saber o preço. Quando regulares, estas actividades são reguladas pela lógica da Verdade, na coordenação dos estados espontâneos de sabedoria de cada um; e se o produto vale o preço pedido é em nome da consciência e do direito que o homem apela para o princípio. Mas se o produto não vale o preço pedido, é também em nome da consciência e do direito que o homem apela para a justiça do princípio que se designa por “lucro ou ganho”; passando este princípio a actuar como juiz material, acusando o que vende ou o que compra, porquê? Porque o que compra se é impelido pelo “lucro” como o que vende, sem terem em consideração a mercadoria e sua qualidade de valia e de mais-valia, tendo antes em conta o dinheiro que querem receber – então, penhoram o dinheiro, porque alienam o “lucro ou ganho”; e escurecem a consciência por hipoteca, substituindo nesta a verdade da equidistância entre a qualidade do produto e o “lucro” que devem obter.

    Se as operações decorrerem nesta viciação, descobre-se o conjunto de consciências que se envolvem nestas actividades viciadas – descobrem-se, quando se está estruturado pedagógica e socialmente na orientação do princípio a que nos referimos e no respeito pelo estrito cumprimento e acatação deste; se assim não acontecer, nada descobrimos e cada um de per si, força com mais relevância a substituição deste princípio, por outro que corporiza substancialmente todos os princípios valorados materialmente e que se designa por moeda ou dinheiro.

    No mesmo enquadramento comparativo, pode aludir-se ao grupo constituído pelo conjunto de consciências que se aproximam da equidistância entre a qualidade do produto e o “lucro ou ganho” que se deve obter – se conhecem pela associação de motivações nas actividades mais lícitas e pelo forçar das actividades mais desenvolvidas em aperfeiçoamentos que levam à resposta tanto mais exacta quanto possível, entre o princípio que regula as actividades e a consciência valorativa do produto a adquirir ou adquirido. Finalmente, deve ainda referir-se o conjunto de consciências comerciais e industriais que mudam conforme o conjunto de consciências que contactam; isto é, se o cliente se regula pelo dinheiro ou moeda, e pela posse sem qualidade correspondente, o comerciante ou industrial regula-se de igual modo, muda a consciência da Verdade do princípio para a ignorância deste, ou vice-versa.

    Mas, se em ambas as actividades, a lógica actua na condução e finalidade dos propósitos, ela não serve os mesmos desígnios, pois a que se refere ao encontro equidistante entre a consciência valorativa do produto e os desígnios do princípio, é revitalizadora e expansiva da vida comercial e industrial, enquanto a lógica que fundamenta a alienação do princípio pela apropriação da matéria monetária sobre este, torna-o em geral e retira-lhe a verdade da sua especificidade; propiciando, por isso, a sua desvitalização e progressiva mortificação da vida comercial ou industrial, que consignámos em exemplo; actuando na lógica que serve os desígnios do princípio a acção da Sabedoria, e actuando na lógica que serve os desígnios da matéria, neste caso específico, a ignorância no geral e, em alguns casos, a má-fé no particular.

    Está-se perante atitudes que nas diferentes actividades comerciais ou industriais, se acusam e se impõem na associação dos grupos e no tipo de energia afectiva e psicológica que cada grupo de consciências desenvolve. E está-se também perante respostas vitais diferentes, de cujos resultados, resulta a vida comercial e industrial e seus pulsares em desenvolvimento correcto, lógico e normal; ou a negação progressiva e apagamento dos interesses e motivações que despertam no homem o gosto pelo desafio, pela aventura e pelo sonho dos grandes mercadores e industriais.

    Comprar e vender, exige de qualquer aparelho administrativo e de gestão, a inserção das coordenadas pedagógicas que visem a vitalização e desenvolvimento da vida comercial e industrial, para que aqueles que não possam ter acesso à formação mais especializada, sobre os princípios e lógicas subjacentes destas actividades, possam pelo menos, receber pela empatia dos grupos e das diferentes consciências, a luz mais elementar da Sabedoria que ditará as regras que os mais simples na instrução, deverão seguir, sobre estas actividades.

    Só assim será possível a harmonia entre a vida comercial e industrial e a Vida nas diferentes dimensões, daí resultantes, e dos intervenientes em cada actividade particular e nas actividades em geral.

    Assim se distingue também, como se caracteriza cada uma das actividades e quais as orientações que surgem no interior de cada negócio e de cada tipo, cuja nota dominante seja de incidência da escola da vida; e se compreende que existe um único “Mestre” que instrui todo o conhecimento que o homem desenvolve no relacionamento com outro, com a sociedade e com Deus.

    Não fora outra certeza que guiara os homens ao longo do desenvolvimento sócio-económico, que marcou o tempo que antecedeu todos os princípios de iniciação aos sistemas das actividades de comprar e vender, construir e fabricar. Se os homens não sabiam o porquê das origens da matéria e da forma, que constituíam os valores que mercavam e vendiam, conheciam que era necessário apoiarem-se nos princípios que a intimidade da escola da vida lhes impunha.

    Assim, comercializavam bens e serviços, mercadorias e produtos para ganharem dinheiro mas, acima de tudo, sentirem e viverem a alegria e a aventura que o negócio despertava em cada actividade e no todo da sua vida. Descobriam nestes exercícios simples, que não mais podiam parar de comprar e vender; e descobriam que não era só a matéria que generalizava a substância individual de cada produto que marcava as suas motivações e interesses nas viagens e nas descobertas. E, fundamentados na escola da vida, iam aprendendo a desenvolver, não só todos os patamares da consciência para a plena iluminação como também o sentimento no sabor da vitória, vivido em cada empreendimento comercial ou industrial.

    Podemos imaginar em comparação com os nossos dias, como os olhos de cada comerciante ou industrial brilhavam de alegria face ao sucesso de cada aventura para comerciar e ao êxito económico obtido; por ventura, mesmo o mais matreiro e mais astuto, mas rigidamente fiel aos princípios que iluminam nos caminhos da Verdade de quem os segue. Basta, para o efeito, recordarmos as primeiras actividades de permuta entre as comunidades populacionais e o que alegrava e dava vida à comerciação, entre outros, o mais relevante era o sentimento de préstimo, de utilidade e de valia de cada produto e de quem o consignava.

    O princípio não era “lucro ou ganho” retribuído monetariamente, mas as mercadorias que adquiriam por permuta. Quantidade, qualidade e valor, exigiam quantidade, qualidade e valores recíprocos; sentindo no efeito, cada um dos intervenientes, a alegria despertada por haver correspondência na qualidade, valia e préstimo apresentado.

    “Lucro”, qualidade e valia eram equidistantes da quantidade e do tipo de sentimentos de felicidade e sucesso. A escola da vida orientava os homens no percurso dos caminhos e na descoberta das experiências ajustadas, para chegarem a estas complexas e íntimas actividades e propiciar o surgir em cada comunidade ou grupo comercial e industrial de figuras hábeis, ladinas e decididas a servir esta fascinante causa.

    E como poderia ter sido possível desenvolverem-se todas as potencialidades da vida mercantil, sem o concurso da vida correspondente, das suas regras e dos seus princípios? Os que não respeitavam no essencial estes valores, facilmente eram esquecidos e desprezados pela lógica da Verdade, e daí os insucessos e as tremendas insatisfações na Vida e no quotidiano.

    Os sistemas criados para organizar e disciplinar estas actividades serviram para unificar a dinâmica activada pelas lógicas do comprar e vender. A vida da escola começou a tomar lugar sobre a escola da Vida.

    Era necessário racionalizar as distribuições, tornar mais homogéneos os preços e qualidades e, ao mesmo tempo, descobrir o porquê essencial da vitalidade que animava o que tinha nascido há tantos anos e com regras tão espontâneas e tão funcionais.

    Quando reflectimos nestas actividades e no que as caracteriza, na sua animação interna e externa, e no que se adquire para a vida psicológica e bem-estar físico, somos pela experiência de análise e pelo rigor científico, alertados para a dimensão superior de Bem na energia psico-afectiva, fortificante e empreendedora, alcançada no jogo processual de compra e venda na lógica correcta, desenvolvida e justa; enquanto o que se adquire pela negação do Bem, na negação dos princípios que o afirmam no comércio, na indústria ou noutras actividades, resulta no apagamento dos interesses e das motivações que despertam no Homem o gosto pelo desafio, pela aventura e pelos sonhos desenvolvidos na complexidade da arte de comprar e vender. E, enquanto nas actividades de união, nas motivações do comércio e da indústria, que desenvolvem lógicas correctas e eternas, associam-se os homens na memória recordativa e voluntarista na inovação e descoberta; as actividades de união que desenvolvem lógicas de negação da Verdade e da Vida, tornam-se efémeras, propiciam a desunião entre os homens e as sociedades, o esquecimento e apagamento da vitalidade da memória e consequente desapego à crença e à fé nos sonhos, que engrandecem a vida e tornam o homem um ser entre os outros, à procura de descobrir na sua vida como estender a unidade que constitui, dando forma e finalidade a cada um dos sonhos com que acorda diariamente.

    É tão fascinante descobrir-se em cada acto, que na forma e nas ideias vitaliza a vida humana; descobrir-se que um novo dia vai chegar  com ele novas aventuras, novos “ganhos ou lucros”, novas descobertas e novas experiências; e não ter-se o sentimento angustiante e forçado, de que a nossa vida se regula mais pelo que se tem, do que pelo que se é.

    Fascinamo-nos, ao reflectirmos no trabalho de cada um dos grandes ou pequenos industriais e comerciantes, nas suas tarefas e interesses; e ao aprofundarmos o seu interior descobriremos que os produtos nas mãos, mesmo daqueles com formação mais de orientação da escola da Vida, nos indicarão com margem reduzida de erro como valorizá-los monetária e qualitativamente. E, se o acordo é possível na compra e na venda, isto garante-nos a evidência que os princípios que regulam a verdade da vida comercial, quando exercidos na prática de cada um, por mais descaptado que seja na sensibilidade comercial e industrial, permite-lhes valorizar a harmonia psicológica, a liberdade do trocar e o gosto pelo “lucro ou ganho”, sem exageros nem avareza.

    Ganhar ou lucrar está na proporcionalidade do gosto e do sonho, no construir de novos caminhos que mostrem a Verdade, a Virtude e o Bem em dimensões mais belas e mais atraentes. E ao observar-se uma criança que vende um determinado produto, descobre-se quando pede o que é justo ou injusto. Ora, se a Verdade do comércio ou da indústria não se iluminasse pela escola da Vida e vice-versa, cada um desses pequenos comerciantes recusar-se-ia a vender o que possuía como fonte de “lucro ou de ganho” e procuraria outra actividade, que lhe despertasse o gosto por viver e sentir a diferença em relação aos outros.

    Acontece que uns andam e percorrem pela educação da pedagogia os princípios da Verdade – são felizes e querem tornar-se ainda mais, são ladinos e cedo começam a ganhar o gosto e vontade de crescer naquilo que por qualquer razão foram iniciados; e outros percorrem pela pedagogia do erro, do engano e da falsidade – que é a negação dos princípios mais essenciais da Educação e da Vida – os caminhos que os hão-de conduzir no futuro à lassidão, ao crime e ao desinteresse, pelo que foram iniciados e pelo que os define como homens, como comerciantes, industriais e cidadãos.

    Quem os falsos caminhos percorre, destrói a Escola da Vida nos seus ensinamentos e orientações, e estes transformam-se em fonte de descrença, da má sorte e do pecado. Assim constata-se que o negócio depende de cada negociante e que cada um é mais feliz e aventureiro, quando depende dos princípios que regulam a actividade de negociar. Trata-se, de facto, de verdadeiros ou falsos caminhos, de mentira ou de verdade; trata-se, em síntese, da Vida ou da sua destruição; e, se a eterna Sabedoria não fosse fonte imanente nem coordenasse a Vida nas múltiplas cambiantes, o homem como ser inteligente e dominador, apoderar-se-ia do Universo pelos mecanismos inventados e construídos, dominando-o e impedindo-o até à sua total destruição, de se reunificar, revitalizar e divinizar pela acção de Deus que é o fundamento e garantia imanentes de toda a Criação e desenvolvimento.

    É por isso, que o poder terreno exige, de cada um que o exerce, a total dedicação e desapego em tudo quanto seja servir a comunidade, pois as acções no servir são coordenadas pelos princípios e sua aplicação e não pelos desejos do servir-se e vantagens daí alcançadas. Por outro lado, não são já os interesses que guiam o homem, nem as vontades que o servem, mas o homem é que conduz os interesses na unidade da Verdade e do Bem, que o servem e iluminam na Luz da vontade universal e na missão do servir.

    Assim se compreende, que quem não se desvia dos princípios que regulam a Vida e a Verdade, vá adquirindo poder e conhecimento sobre as coisas e sobre as necessidades; e por estes vá adquirindo, também, capacidades de selecção e escolha das metas e finalidades a prosseguir para realizar os sonhos que em cada dia vão despertando e intimando a encontrar as formas de conhecimento e desenvolvimento verdadeiras. Uma só Escola, uma só realidade, uma só Vida, fundamentadas nos princípios que se vão desenvolvendo nas aplicações epocais, mais ou menos pronunciadas e mais ou menos respeitadas, condicionando a vontade e os desejos humanos, em cada comunidade e suas opções nas escolhas com finalidades mais optimistas e mais seguras ou com fins mais duvidosos e mais deprimentes.

    A Escola, a Realidade e a Vida são unificadas pela maior incidência espontânea e natural, ou mais reflexiva e rigorosa; unificadas pela Escola da Vida ou da vida pela escola, alternando-se na dominação ou actuando em simultâneo, superando ou regulando a Verdade pelos princípios mais necessários e evidentes, vividos em ambas as dimensões da Educação e da existência humanas.

    Daí que, em certas épocas da vida social se notem crises de consciência e de facto, pois os seres humanos no seu crescimento vão-se confrontando com as Leis e normas sociais e com o rigor da sua aplicação e cumprimento pelos governantes e governados; e quando o rigor do Estado é menos severo e mais permissivo, os princípios perdem a força de condução das consciências dos cidadãos, e por cada um começa a ser procurado o que é mais fácil de aquisição e cumprimento, o que facilita o acesso ao dinheiro, sem as correspondentes relações de trabalho, qualidade, servir e empenho humanos.

    De uma maneira geral, todos nós, cedo começamos a descobrir que teremos que optar pelos caminhos a seguir, e às vezes julgamos existir mais vantagens nos caminhos que conduzem à apropriação, sem direito, no que caracteriza a Vida, a Verdade e o Bem; uma vez que no crescimento e acção somos tendencialmente afectados pelo mais efémero, mais fácil e menos exigente, do que nos caminhos que conduzem à perenidade da Verdade e à felicidade e bem-estar eternos. E, quando pela aprendizagem na coordenação das nossas vontades e desejos de realização dos princípios, que alicerçam e distendem a Vida em todas as dimensões, não somos capazes de nos libertarmos das pulsões malignas, desenvolvidas no inconsciente por herança e acumulação, em factos, ideias e acontecimentos, experimentados e em idealização e que lhes serve de suporte material, do bem ou do mal, acabamos facilmente por ceder às vontades e desejos do mal e da nossa autodestruição.

    Deve, por isso, começar-se muito cedo a inclinar a aprendizagem pessoal ou disciplinada por metodologias universais e colectivas no exercício activo dos princípios e leis que geram a educação e se inscrevem na instrução – os princípios do rigor, da perfeição, da rectidão, da isenção, da justiça; as leis da alternância e da simultaneidade, dos limites mínimos e máximos, da independência e da igualdade, etc. Estas e estes, e outros e outras, ilustram os caminhos e garantem a certeza de que estamos a caminhar bem e o desenvolvimento do conhecimento se processando, com maior ou menor rapidez – comparativamente com os marcos do progresso e da perfeição, que nos antecederam e nos prepararam no percurso.

    Já quando se julga pela “facilidade” e se acredita na relatividade da Verdade, ao tempo, ao lugar ou às pessoas, põe-se em questão a Verdade e os valores legais que a fundamentam; e tal como se aliena o “lucro ou o ganho” pelo dinheiro, também se alienam a Verdade e o Bem e, progressivamente, se esquecem por omissão e descrença desta única realidade vital.

    Esquece-se, até ao dia em que a Consciência se começa a escurecer e a força da Verdade se transforma em “Ordem imperativa” das regras, que foram por muito tempo ignoradas, e como tenras sementes se espalham pela massa humana que, sem saber porquê, reage pela reposição da serenidade da consciência que, só em recordação, a maioria das almas o parece possuir:

    Seja-nos permitido referir, que a ordem e a desordem nos tempos em que vivemos, não se materializam da mesma maneira que no passado; que, entre outros aspectos mais evidentes, se poderia experienciar pela guerra, pela luta e pela dominação, de modelos imperiais sobre outros modelos menos rigorosos e menos organizados. Os princípios e leis, residiam na soberania, na força e na dominação, e quem estivesse mais avisado e fosse mais afoito na arte de fazer a guerra e defender o território, assegurava a soberania e o respeito dos adversários nos processos da civilização.

    As ordens da Escola da Vida e da vida da escola, nos nossos dias, asseguram a soberania, a ordem e o poder territorial, pelas ideias de desenvolvimento e mudança, contidas nas revoluções permanentes da vontade, do desejo e dos compromissos humanos e, não necessitam, como outrora, da obstinada materialização dos actos pela fatalidade das armas. A acção das espingardas de outrora reside, nos nossos dias, nas ideias que desenvolvem os princípios da soberania, da independência e de um planeta partilhado por todos os povos que nele habitam; assegurando a sua eficácia universal e o alargamento até aos limites possíveis.

    E porque idealizar é dar forma prática à essência da Verdade, necessitamos de ajustar às acções pedagógicas o que resulta da incidência mais relevante da Escola da Vida e da vida da escola; pois a Vida ensina-nos como actuar e como executar, mas se Deus nos quer livres e autónomos, é preciso que cresçamos nas acções e conhecimentos correspondentes, que se adquirem pela Escola – que é de todos e percorre os princípios da universalidade e da abundância; enquanto a Escola da Vida impõe algumas limitações e faculta a tendência do “desenrascar”, do que o servir e desenvolver as apetências pessoais nas missões de serviços.

    Deve admitir-se que a Escola da Vida e o “Mestre único” que guia a Escola em geral, serão os primeiros timoneiros que cada ser humano, na orientação das suas responsabilidades e ideais, procurará; mas deve considerar-se, também, que do aperfeiçoamento das bases e princípios legais que a regulam, pelas acções pedagógicas de raiz dos fundamentos do conhecimento e da Sabedoria universais, resultará em cada um a iniciação nas potencialidades mais relevantes no servir a comunidade, o Mundo e Deus. Pois quando se ascende a limiares de conhecimento estáveis e amadurecidos pelo rigor e precisão – como a vida corporal no estado adulto, então começa-se a descobrir quem somos, e no interior das  finalidades experienciadas, qual a que nos foi acometida na unidade transcendente para exercer como missão de serviços.

    É que ao reflectirmos sobre o interior das nossas finalidades, descobrimos capacidades para exercer uma porção delas, mas do aperfeiçoamento e da provação das nossas vontades e desejos – para eliminação do sucesso egocêntrico, individual e de utilidade própria – resulta a evidência da raiz unitária mais relevante e sentida constantemente no apelo ao servir. É nesta limpidez que se deve situar o que vulgarmente se designa por “Vocação e Chamamento”.

 

Autor: Macedo Teixeira; Obra: Sementes da Verdade; Fotocomposição e Impressão: ROCHA/Artes Gráficas, L.da; Julho de 1992; págs. 61 a 69.