“Querer é Poder”

28-06-2013 16:26

“Querer é Poder”

Macedo Teixeira

    Querer é Poder – porque o ser humano é capaz de sentir, sonhar e amar; quer e pode ser diferente, mesmo na angústia, no sofrimento ou mal-estar geral.

    Nesta plenitude contraditória, constituindo a existência labiríntica e prodigiosa do ser humano, referente de outro infinito, cuja grandeza se glorifica em todas as criaturas; movimenta-se o homem, esse ser, capaz de reconhecer-se em toda a complexidade que o envolve.

    A Juventude, pela sua real coragem, entusiasmo no gosto de viver o que mais tem de belo; num sorriso de esperança e desejo em cada dia melhor, mais feliz e mais justo; na abertura total ao outro gratuita e comprometedora do élan vital, é sem sombra de dúvida, a idade de ouro, para a consubstanciação no tempo que se há de seguir.

    Este comportamento, franco e promissor, é o maior valor espiritual que orienta o jovem em toda a sua caminhada histórica, no sentido supremo da vida; valor que permitirá exclamar eloquentemente, por condições de felicidade no futuro, pelos juros do capital investido, no trabalho, ou no estudo, no desporto ou na música, na dificuldade ou na abundância.

    O nosso país será mais rico e mais próspero, quando o “nosso querer” se revelar mais profundo, nos interesses sócio-políticos da vida da nossa sociedade. Será mais livre, quando for mais aberto e dialogante o pensamento de todos: o exemplo virá de vós, pela formação mais cuidada e pela elevação no ato de julgar. É o Capital propiciador para uma riqueza económica mais equilibrada, permitindo, por certo, uma afirmação convicta neste mundo conturbado e perplexamente confuso.

    A dignidade de um povo reflete-se também nas classes mais jovens; pelo interesse, pela vontade na afirmação e pela sinceridade de objetivos. Os velhos e as crianças vos procuram seguir, mas, já não muito raras vezes, teimais em deixá-los ancorados no seu estado de insegurança. Os ventos da sua fortuna fustigam toda a formação moral e ética do mundo, e o nosso país não tem sabido, com rigor, evitar tal perigo; mesmo os jovens mais capazes, pela responsabilidade dos cargos que desempenham ou pela capacidade racional mais instruída.

    Não se poderá continuar a justificar tudo em nome da liberdade; permitindo-nos à incapacidade e ao servilismo comprometido: a liberdade termina onde começa a responsabilidade e o empenhamento. Se consentirdes, impassivelmente, na destruição de tudo quanto vos reverencia no ato volitivo e nobreza de objetivos; não dignificais a força e a beleza criadora, e melhor fora que os vertebrados que somos, nunca tivéssemos sido capazes de reconhecer a nossa natureza. Uma natureza contraditória, que se reconhece onde não pode ser livre, por diferente e mais capaz; mas livre, por ser autónoma nas decisões e capacidades de ação.

    Tudo quanto nos revela no mundo Ocidental, ou Oriental, no Norte ou no Sul, explica-se por estes quase nove séculos de trabalho coletivo; honrado e prestigioso – quiçá por inveja o mundo o compare. Importa, por isso, que o presente deva consolidar-se num real autêntico de liberdade, justiça, vontade e ação; sendo a força, neste mais atuante; a juventude a classe mais capaz para o realizar; evitando tanto quanto possível, na idade que é a mais empolgante e dominadora, seja impedida de afirmação na escola ou no trabalho, na saúde e na diversão, na amizade e na temperança, no desporto ou na música, em tudo quanto o alicerça e consubstancia a vida na sua totalidade terrena.

    Tudo isto é possível, sem o recurso a qualquer ato de violência, de imobilismo ou inépcia, de raiva ou de rancor, antes, pelo recurso da inteligência e da vontade, no diálogo, em silêncio ou com os outros; pelo encontro amigo e sem reservas ocultas; ainda que nos cause embaraço, mas, não podemos amar ninguém, se não formos capazes de dar o nosso melhor.

    Tenhamos todos consciência, e vós jovens nos alertem com o vosso exemplo, na necessidade humana de dar, sempre que para tal sejamos solicitados. Deus nos premiará, mas, ficará mais radiante; se o reconhecerdes sem vaidades nem ostentações revivendo em cada momento, uma abertura possível, mais brilhante e mais sentida.

    Com o tempo compreendereis que o homem é como um leve pássaro que salta de pernada em pernada, até encontrar a forma de decidir e optar na sua qualquer condição. Caminha “voando”, pensa sonhando e decide-se nunca convencido de ter feito tudo; rejubilando garbosamente, quando pensa ter feito o melhor que lhe foi possível e capaz.

    Em vós se reúne a esperança que fortifica os mais velhos e dá alento ao futuro, justificando sem reservas a entrega do facho que é a luz e a semente da glória. Nestas, existe a essência do querer e do poder, para vencer os obstáculos da iniquidade e do imobilismo tendentes a impedir a revitalização dos objetivos supremos da juventude e da humanidade.