Ponte para um Sorriso

26-06-2011 17:26

 

             Ponte para Um Sorriso

        Quanto mais simples são as palavras e leves os pensamentos mais nos fascinam as coisas e nos chamam atenção os seres. Ponte para um sorriso é o suporte que sustém a nossa vida no caminho que percorremos no dia-a-dia e, sobre o modo como nos inclinamos, para o tornarmos seguro e robustamente familiar, os caminhos, os seres e as coisas não podem ser diferentes nesta prova e neste julgamento; aliás, é timbre do Homem que a vida seja vivida pela humildade e simplicidade. Ponte para um sorriso será o lugar que mais ansiámos para concretizar os actos e suster no espaço as fronteiras do inconsciente e consciente da nossa vida. Será o lugar onde da ligação perfeita hão-de resultar teorias e práticas mais ou menos coincidentes; o lugar que queremos como ponte aberta de todas as passagens em que o sorriso seja o sinal de uma vida feliz e o desejo de ascender a eterna repetição da paixão e da vontade

       Conquistar desejos e inclinações é uma das nossas maiores proezas e uma das mais empenhadas e sinceras capacidades. Dependemos do bom ou mau uso destas na interacção e empenhamento da prática da nossa vida na relação com os outros. O ser social é necessariamente condicionado e, por isso, aspira com preocupação a participar do mundo dos outros; da sua estima e da sua admiração, dos seus interesses e dos seus projectos; é, aliás, um modo de evitar-se o sofrimento e viver-se melhor a nossa vida. No entanto, é aqui que em certos casos, surgem algumas dificuldades na separação correcta dos aspectos, que são fundamentais, nessa interacção e na sadia relação entre as pessoas; ou seja, uma relação implica que distingamos bem o sentimento do desejo e este da vontade; uma relação em que não percamos o sentido lógico entre a naturalidade (sentimento) o desejo (motivo ou razão) e a vontade (motivação) para poder revelar-se nesta dinâmica, o ser pessoa, em cada um e, em todos. Uma incorrecta distinção destes aspectos poderá confundir-nos mutuamente sobre o que sentimos na espontaneidade e no que racionalizamos como resultado. De facto, todas as relações humanas devem implicar esta preocupação de uma separação atenta do que são pensamentos ou razões e do que são sentimentos naturais ou sensações; fazer naturalmente uma leitura entre o subjectivo e objectivo para não perder-se a afinidade da relação e a riqueza da proximidade.

        A naturalidade desponta de uma condição de raiz, de uma condição básica que é a fonte da nossa riqueza educativa, que é imprescindível para a nossa vida; por ventura menos valiosa, mas mais vale um sentimento puro numa cabeça “tonta” que um sentimento construído por interesses pessoais numa cabeça vazia de luz e inclinada só para a astúcia e a maldade.

       Ponte para um sorriso é a ponte onde passam os raios de luz da nossa consciência que surge, antes de tudo, pelo estar desperto para ver, ouvir, tocar, provar…; que surgem pelo sentir, em primeiro lugar e só depois, pelo saber e compreender. Por isso, os sentimentos de admiração do que é belo e perfeito, correcto e verdadeiro, os sentimentos da comunhão de ideias e pensamentos, devem surgir em cada um com espontaneidade e pureza; sem receios e sem construções prévias, que às vezes radicam em más intenções. O respeito e a delicadeza, a ordem e o amor são os aspectos suficientes para fazer a ligação entre o que sentimos e desejamos e entre o que pensamos e racionalizamos.

      Ponte para um sorriso, seja este Verão, a estrutura da sensibilidade moral de todos, para que possamos combater certas angústias e sofrimentos que estão a perturbar a vida da nossa sociedade que está sequestrada “numa crise global” por força da confusão dos valores da economia que os Estados não têm sabido colocar no seu devido lugar. Ponte para um sorriso, seja a ponte onde comecem a aumentar os raios da luz da felicidade humana e, possa Deus sentir no coração de todos, que as dores estão a abrandar e os sorrisos estão a aparecer em todas as estações e criaturas. Que comece este Verão  e o tempo de que não damos conta nem queremos que acabe mais… Boas férias!

 

                                         Macedo Teixeira