O Plano Comun / The Common Plane
O Plano Comum
Macedo Teixeira
A mulher é como a flor, depois de cortada, murcha e perde o brilho do rosto. É uma comparação que assume uma preocupação sobre o modo como vamos desenvolvendo as relações de comunicação e de partilha das tarefas e das responsabilidades, que fazem dos seres humanos, mais semelhantes e menos estranhos. Homem e Mulher são a unidade da beleza humana que se especifica no género e se distingue na forma; são elementos, que em separado percorrem trajetos de sonho e de realização, que revelam o fascínio natural que a vida humana contém, nas suas partes e no seu todo. Trajetos de sonho que ganham outro significado, quando se tocam na semelhança de esforço com vista a uma realização individual, mas também, em conformidade social, de desejo e sentimento mútuos. Não há qualquer diferença entre o homem e a mulher, senão na subtileza da realização e na sensibilidade da vida; ambos a sentimos como homem ou como mulher, a vivemos como semelhantes e nos realizamos em conformidade com a nossa natureza. Mas existe um plano que é comum e que permite que tanto o homem como a mulher vivam a sua vida singular ou de conjunto; de modo individualizado ou de modo coletivo e que é constituído por duas partes ou planos geométricos de um mesmo plano; como se fosse um jardim com dois terrenos; com flores semelhantes, mas de características e canteiros distintos. Um plano onde a mulher e o homem gravitam, onde se tocam e fundem, nas ideias e desejos, nos gostos e aventuras; e acima de tudo, onde reúnem a vida para lhe darem significado e sentido, e a tornarem mais bela e diferente. Um plano que contém o caminho e o processo que sensibiliza a vida de ambos; homem e mulher, mas que não permite o afastamento de cada uma das suas partes, nem que haja confusão de características, lugares ou formas; somos semelhantes e comuns, mas não somos a mesma realidade.
É esta preocupação que deve estar presente nas relações do nosso dia-a-dia; a preocupação de mantermos a ordem em cada um dos espaços em que nos movemos e o sentido certo da nossa especificidade, no género e na forma, pelo respeito e acordo de princípios, pela responsabilidade de tarefas e pela exigência do rigor. A preocupação de fazer da relação humana a relação social e ética, a relação de coexistência num mundo em que a partilha de tarefas vai sendo cada vez mais igual e o plano comum se vai tornando mais homogéneo e equilibrado. Num mundo onde os valores são avaliados pelas qualidades que acrescentam outras realidades à vida humana e a melhoram na sua semelhança; aliás, num mundo em que somos iguais, se forem iguais as oportunidades.
Parece-me, por estas razões, continuar a ser razoável a análise em relação a esta preocupação, pois foi boa a rapidez com que chegámos ao reconhecimento desta necessidade, da necessidade de nos sentirmos iguais, mas parecemos esquecer que estas realidades têm que ser, de facto, tão cheias de conteúdo como de humanismo, e não apenas partilhas cheias de conteúdo e vazias de humanismo. É uma realidade que a mulher de hoje sente-se mais livre, semelhante e igual em oportunidades, mas a mulher como mãe não está tão próxima dos filhos como estava; os filhos falam-lhe através das máquinas ou dos brinquedos! A mulher esposa é um elemento da casa que já não está só; e os maridos, nos nossos dias, até ajudam nas lides domésticas, mas a maioria, mais para colaborarem na relação conjugal; para não estarem fora da imagem social do nosso tempo. Os jovens facilmente iniciam relações de amizade com o sexo oposto, mas também com a mesma facilidade se desvinculam; estão muito próximos no corpo, mas afastados no coração.
E a preocupação torna-se muito mais aflitiva, se soubermos que o principal foco destes problemas reside no facto de estar a verificar-se uma certa confusão nas limitações dos planos que dizem respeito ao homem e à mulher; isto é, as oportunidades que realizam são vazias de humanismo, não têm o reconhecimento de ambos, pela sua semelhança; ou seja, faz-se e participa-se, mais para se ser moderno e não se ser notado na sociedade do que de modo voluntário e livre.
O reconhecimento da necessidade de nos sentirmos iguais não está a ser acompanhado pela tolerância e esforço de cooperação de ambos; aliás, julgo que se insiste muito mais na afirmação da igualdade do que na procura de soluções para se viver de modo igual e sem ter que se sacrificar os filhos ou um qualquer dos elementos; homem e mulher, marido ou esposa, à satisfação egoística das vontades emancipadoras, sem o consequente sacrifício de ambas as partes. É bom não esquecer que existe um plano constituído por dois planos tangentes e geométricos, onde o homem e a mulher se realizam e tornam a vida mais bela, mas que não permite que nos afastemos de cada uma das suas partes nem troquemos as suas ordens; o que é do homem, só ele o poderá realizar, o que é da mulher, só ela o poderá solucionar. Vale a pena a tolerância, em troca de um amor verdadeiro e de uma vida saudável; a mulher e o homem são as partes de uma unidade que quanto mais se força mais se enfraquece e perde o brilho.
The Common Plane
Macedo Teixeira
The woman is like a flower: after has been cut, it withers and loses the blaze of the face. It is a comparison that assumes a preoccupation about the manner how we are going to develop relations of communication and of share of tasks and responsibilities, that make human beings more similar and less strange. Man and Woman are the unity of human beauty that is specified on gender and is distinguished in form; they are elements, which separately go through courses of dream and realization, which reveal the natural fascination human life contains, in its parts and in whole. Courses of dream that acquire other meaning, when they touch each other in the likeness of effort with a view to an individual realization, but also, in social conformity, of mutual desire and feeling. There is no difference between man and woman, except in the subtlety of realization and in the sensitivity of life; we both feel it like a man or like a woman, live it like fellow creatures and we realize ourselves in accordance with our nature. But there is a plane that is common and permits that both man and women live their singular life or together; in an individualized manner or in a collective manner and that is constituted by two parts or geometric planes of a same plane; as if it was a garden with two terrains; with similar flowers, but of distinct characteristics and flower-beds. A plane where woman and man gravitate, where they touch and merge each other, in ideas and wishes, in likes and adventures; and above all, where they gather life to give it meaning, and to make it more beautiful and different. A plane containing the path and the process that sensitizes the life of both; man and woman, but which does not permit the separation of each one of its parts, or that there is confusion of characteristics, places or forms; we are similar and common, but we are not the same reality.
It is this concern that must be present in the relations of our day-to-day; the concern of maintaining the order in each one of the spaces where we move and the right sense of our specificity, in gender and in form, for the respect and agreement of principles, for the responsibility of tasks and for the exigency of rigor. The concern of making of human relationship the social and ethical relationship, the relationship of coexistence in a world where the share of tasks is becoming more and more equal, and the common plane is becoming more homogeneous and balanced. In a world where values are evaluated by the qualities which add other realities to human life and improve it in its likeness; besides, in a world where we are equal, if the opportunities are equal.
It seems to me, for these reasons, to continue to be reasonable the analysis with regard to this concern, since it was good the quickness with which we came to the recognition of this necessity, of the necessity of we feeling equal, but we seem to forget that these realities have to be, in fact, so full of content as of humanism, and not only shares full of content and empty of humanism. It is a reality that today’s woman feels more free, similar and equal in opportunities, but the woman as mother is not so close to her children as she was; the children talk to her by machines or toys! The wife woman is a home element that is no longer alone; and husbands, nowadays, even help on chores, but the majority, more to collaborate in the marital relationship; not to be out of the social image of our time. Youth easily start friendship relations with the opposite sex, but also with the same easiness they disengage; they are very close in the body, but distant in the heart.
And the concern becomes much more afflicted, if we know that the main focus of these problems lies in the fact of occurring a certain confusion on the limitations of the planes regarding man and woman; i.e., the opportunities they accomplish are empty of humanism, those do not have the recognition of both, by their likeness; in other words, one does it and participate in, more to be modern and not be noticed in society than in a voluntary and free manner.
The recognition of the necessity of we feeling equal is not being accompanied by the tolerance and the effort of cooperation of both; besides, I think that one insists much more in the affirmation of equality than in the search for solutions to live equally and without having to sacrifice children or any of the elements; man and woman, husband or wife, to the egoistic satisfaction of emancipator wills, without the consequent sacrifice of both parts. It is good not to forget there is a plane constituted by two tangent and geometric planes, where man and woman realize themselves and make life more beautiful, but that does not allow that we separate from each of its parts and that we alter their orders; what is of man, only he can accomplish it, what is of woman, only she can resolve it. Tolerance is worthwhile, in exchange of a true love and a healthy life; woman and man are the parts of a unity that the more you force it, the more it weakens and loses the blaze.