Na 25.ª Hora
Na 25.ª Hora
Macedo Teixeira
Na 25.ª hora, tudo será diferente e completamente novo. Uma outra expressão do pensamento humano evocará novos sonhos e os desejos do preenchimento da vida serão mais estáveis e conscientes – serão mais preparados que os anteriores. Haverá, com certeza, recordações e gestos de repetição do que foi bom e serviu para nos tornar mais vivos no tempo desse dia que acabou. Nascerá, certamente, um espírito mais motivado para a resolução do que antes não foi possível ou do que nem sequer demos conta de que existiu e fazia parte do nosso caminho.
Na 25.ª hora o tempo ganhará outro significado e despertará nos nossos sonhos o gosto pela aventura na caminhada rumo aos acontecimentos seguintes. Será uma outra dimensão do tempo cronológico da vida, uma nova dimensão de esperança e até de fé mais renovada. A face e o reverso tanger-se-ão a girar na locomoção da vontade e do desejo de ser e de chegar, a tempo, àquilo que projetamos e concebemos para a nossa realização, a outras fases do percurso que a nossa vida terá, e nós fazemos questão de que sejam alcançadas com maior qualidade e menor sofrimento. Na 25.ª hora não saberemos se será uma hora que não teremos ou se será uma hora que desejamos que seja a reunião de todos os estados de alma, a síntese necessária de uma outra ordem que trará consigo a paz e o gosto de viver com mais aventura e sonhos mais intensos. Acreditamos que deve haver uma hora que não estará no tempo que nós conhecemos, que será, certamente, a hora de todas as glorificações, a hora em que viveremos a delirar de emoção e de desejo por paraísos, nem que sejam paraísos ainda no pensamento!... Acreditamos que em cada lição da vida uma nova esperança há de renascer e uma vontade de viver de outro modo, de outra maneira e de outro jeito, trará o encanto que nos disseram existir quando éramos pequeninos, e que agora, repletos de esperança, acreditamos com mais determinação nessa possibilidade e na 25.ª hora.
Não temos do mundo uma imagem com luz e sem sombra, uma imagem que gostaríamos de ter, que gostaríamos de “adorar”, tal como diz a espontânea senhora que faz publicidade aos sonhos. Mas, acreditamos, sentimos esse sentimento por perto, que há de nascer uma 25.ª hora que trará consigo um mundo novo feito com a aspiração do passado de glória e o gosto e a alegria do presente ainda mais glorificado. Uma hora com futuro e trajeto que nos há de levar ao conhecimento de outras janelas do Ser Infinito por onde a luz entrará para iluminar as nossas vidas, deixando que só elas projetem a própria luz que refletirá imagens nos nossos corpos.
Acreditamos e temos fé nesse sonho, porque nós conquistamos a liberdade de viver por nossos próprios meios – com condições e com juízo, mas também com as nossas possibilidades e as nossas ambições. Temos consciência de que a Civilização é muito diferente nas suas origens e nos seus valores, mas reconhecemos que é um arco que se vai alargando a pouco e pouco e que todos desejam viver dentro dele, sem caírem e sem saltarem para qualquer outra parte. Às vezes, dedicamo-nos a olhar as crianças, a ver como jogam as emoções da sua vida, como defendem o que é seu e como conquistam o que querem. Na maior parte dos casos, querem brincar com prazer, conviver com os outros e fazerem sempre o que julgam ser melhor (não param de brincar nem esmorecem com facilidade, e só quando as coisas não lhes agradam é que atiram tudo para o chão!...). É com este ato que elas se definem radicalmente como crianças, mas este lado travesso e infantil vai desaparecendo à medida que vão crescendo e deixa de ter lugar quando atingem uma maturidade completa, em juízo, em consciência e em humanidade. A partir desta altura já não deitamos nada para o chão nem sujamos as nossas mãos com atos de criancice.
Na 25.ª hora surgirá uma comunidade que já não tropeçará nos cacos que faz no chão, nem vergará a cabeça de vergonha e de arrependimento por não ter deixado crescer o homem que representam e são. Acredito que já não estaremos muito longe!...