Entre Cenas

22-06-2011 10:26

           ENTRE CENAS

       Entre cenas vemos o Mundo desfilar nas suas múltiplas e agradáveis variações; estados de graça e de misericórdia humana; factos de grande satisfação e de profundo sofrimento. Entre cenas, vemos o “espectáculo” que não queremos e que, não podendo deixar de ver, vemos só o que nos não dói ou o que os nossos sentimentos nos permitem. Vemos o Mundo que varia e muda, que se transforma e se enfraquece para acudir às desgraças da inteligência humana, que imprevidente e teimosa, pensa que tudo pode fazer, para os seus prazeres e gozo das suas “grandiosidades”. Entre cenas, assistimos amedrontados pela incerteza do futuro, porque o presente está ameaçado e a Vida se afunda na desgraça de uma juventude sem esperança e uma sociedade sem ordem e sem rumo.

     O Mundo não se governa sem ordem, nem com tamanha desfaçatez e desinteresse pela verdade e pelo gosto de organizar a Sociedade na base dos princípios sociais e morais. A sociedade não pode ser apenas, formada pelo conjunto de pessoas ou pelo elitismo dos grupos: onde reina o ruído e a confusão ou o separatismo e a distância; deste modo não há rumo social correcto.

     Entre cenas, assistimos ao nascer de corações despedaçados, de consciências laceradas pela falta de rectidão dos outros, de brio e interesse em comungar de um mundo humano, com emoções fortes e desejos de aventura na liberdade do amor e do respeito do homem pelo homem.

     Entre cenas, assistimos à queda dos “velhos actores” perfeitos e lúcidos, que nunca foram escravos de ideologias ou poderes de qualquer espécie, que nunca foram sobranceiros aos que eram mais pobres nem abdicaram de autonomia, liberdade e sinceridade. Que amaram uma ideia comum: serem homens e fazerem os outros a mesma coisa; homens que devem sonhar, viver, amar, rezar, e, quando já velhos, testemunharem que vale a pena viver entre cenas, ser assistente directo ou nem sequer ir ao “espectáculo”, porque tudo está bem e a Humanidade também envelhece, para poder ser nova com os novos filhos que nela diariamente nascem.

    Entre cenas, sentimos uma vontade enorme de gritar, para que o “espectáculo” termine, antes que o palco se afunde e as luzes se apaguem!

                                                                                 Macedo Teixeira