Caminho de Luz e Sombra (12)

26-06-2020 17:47
Caminho de Luz e Sombra (12)
 

      Perante esta aflição, o Faraó chamou Moisés e Aarão e disse-lhes: “Intercede junto do Senhor para que Ele afaste as rãs da terra do Egito e eu deixarei ir o vosso povo oferecer sacrifícios ao Senhor”. Moisés respondeu-lhe: “Fazei-me a mercê de dizer quando devo rogar por ti, pelos teus servidores e pelo teu povo, a fim de que o Senhor afaste as rãs de ti e das tuas casas, de modo a ficarem apenas no rio”. Ele volveu: “Amanhã”. E Moisés retorquiu: “Far-se-á como desejas, para saberes que ninguém é semelhante ao Senhor, nosso Deus. As rãs afastar-se-ão de ti, das tuas casas, dos teus servidores e do teu povo; ficarão apenas no rio.” Moisés e Aarão saíram da casa do Faraó e Moisés invocou o Senhor a respeito das rãs que tinha enviado contra o Faraó. O Senhor fez o que Moisés pedira: e as rãs morreram nas casas, nas praças e nos campos. Mas o Faraó, sentindo-se aliviado naquele momento, endureceu o coração e, como o Senhor tinha predito, não escutou Moisés e Aarão.

 

      Como o Faraó não cumpriu a promessa que fizera a Moisés e Aarão, Deus continuou a castigar o povo egípcio, enviando a praga dos mosquitos. O Senhor disse a Moisés: “Dize a Aarão: ergue a tua vara e fere o pó da terra, e transformar-se-á em mosquitos em todo o Egito. Assim fizeram e todo o pó da terra se transformou em mosquitos. Também os magos lançaram mão dos seus encantamentos para produzir mosquitos, mas não conseguiram. Os mosquitos continuavam sobre os homens e sobre os animais. Os magos disseram, então, ao Faraó: “Está aí o dedo de Deus”. Mas o coração do Faraó permaneceu endurecido.

 
 

     Seguiu-se, então, a quarta praga, a praga das moscas venenosas. O Senhor ordenou a Moisés: “Levanta-te de manhã cedo e apresenta-te ao Faraó quando ele sair para ir às águas. Dir-lhe-ás: Assim fala o Senhor: Deixa partir o Meu povo a fim de que Me sirva. Se recusares, enviarei moscas venenosas contra ti, contra os teus servidores, contra o teu povo e contra as tuas casas; as casas dos egípcios ficarão cheias de moscas venenosas, assim como a terra que eles habitam. Mas, nesse dia, abrirei exceção para a terra de Gessen, onde reside o Meu povo. Lá não haverá moscas venenosas, para saberes que Eu, o Senhor, estou presente nesta terra. Farei, portanto, distinção entre o Meu povo e o teu. É amanhã que este prodígio será realizado”. Assim fez o Senhor. Surgiu na casa do Faraó e nas dos seus servidores uma nuvem imensa de terríveis moscas, e todo o Egito foi assolado pelas moscas venenosas.    

   

     Então, o Faraó mandou chamar Moisés e Aarão, e disse-lhes: “Ide oferecer sacrifícios ao vosso Deus aqui nesta terra”. Moisés respondeu: “Não é conveniente que se proceda desta maneira, pois os sacrifícios que oferecemos ao Senhor, nosso Deus, seriam uma abominação para os egípcios. Se oferecermos, sob os olhos dos egípcios, sacrifícios que lhes são abomináveis, não seriam capazes de nos apedrejar? Iremos para o deserto, a três dias de caminho, e ofereceremos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus, conforme a ordem que nos deu. O Faraó retorquiu: “Consinto em deixar-vos partir para oferecerdes sacrifícios ao Senhor, vosso Deus, no deserto; mas não vos afastareis demasiadamente. Rogai por mim ao Senhor”, ao qual Moisés respondeu: “Logo que me for embora da tua casa intercederei por ti junto de Deus, e amanhã as moscas venenosas retirar-se-ão do Faraó, dos seus servidores e do seu povo. Mas que o Faraó não continue a iludir-nos, recusando-se a deixar ir o povo para oferecer sacrifícios ao Senhor”. Logo que saiu de casa do Faraó, orou ao Senhor, que fez o que lhe pedira Moisés. As moscas venenosas afastaram-se do Faraó, dos seus servidores e do seu povo: não ficou sequer uma. Mas, ainda desta vez, o Faraó endureceu o coração, e não deixou ir o povo.

 

     Surgiu, por isso, a quinta praga – a peste dos animais. Contudo, antes da ação desta praga, o Senhor ordenou a Moisés que fosse ter com o Faraó e lhe dissesse, o seguinte: “Assim fala o Senhor, Deus dos hebreus: Deixa partir o Meu povo a fim de que Me sirva. Se te recusares, se persistires em detê-lo, a mão do Senhor cairá sobre os teus rebanhos que se encontram no campo, sobre os cavalos, os jumentos, os camelos, os bois e as ovelhas. Será uma peste de consequências terríveis. Contudo, o Senhor fará distinção entre o gado dos filhos de Israel e o gado dos egípcios, e não morrerá nada que pertença aos filhos de Israel”. O Senhor fixou o tempo, dizendo: “Amanhã, o Senhor fará isto na terra”.

 

     No dia seguinte, perante o silêncio do Faraó surgiu mais esta praga. O Senhor cumpriu com a Sua palavra e todo o gado dos egípcios morreu, mas não morreu um único animal dos filhos de Israel. Tendo o Faraó mandado informar-se verificou que nem um só animal dos rebanhos de Israel tinha morrido. No entanto, o seu coração continuou endurecido e não deixou partir o povo.

 

    Seguiu-se a sexta praga – as úlceras, tendo para o efeito o Senhor indicado a Moisés e a Aarão: “Enchei as vossas mãos de cinza de forno, e que Moisés a lance para o céu, de maneira que o Faraó veja. Transformar-se-á num pó que se espalhará por todo o Egito, e produzirá nos homens e nos animais úlceras e tumores. Deitaram, pois, cinza de forno e apresentaram-na ao Faraó. Moisés lançou-a para o céu, e produziu úlceras e tumores nos homens e nos animais. Os magos não puderam comparecer diante de Moisés por causa das úlceras, pois tinham sido atingidos, como, aliás, todos os egípcios. O Senhor endureceu o coração do Faraó que não escutou Moisés nem Aarão, como o Senhor tinha predito.

 

    Veio depois a sétima praga que surgiu sob a forma de granizo; porém, antes de ser lançada, o Senhor incumbira Moisés do seguinte: “Amanhã de manhã irás apresentar-te ao Faraó e dir-lhe-ás: Assim fala o Senhor, o Deus dos hebreus: Deixa ir o Meu povo a fim de que Me sirva. Porque, desta vez, irei desencadear todos os Meus flagelos contra ti, contra os teus servidores e contra o teu povo, para ficares a saber que ninguém é semelhante a Mim em toda a terra Se, de repente, Eu estendesse a mão e desencadeasse a mortandade sobre ti e o teu povo, terias desaparecido já da terra. Mas, se permiti que vivesses, foi para veres o Meu poder, e para que o Meu povo seja glorificado por toda a terra. Se persistires em ser um obstáculo à sua partida, amanhã a esta hora, farei chover granizo tão violentamente que nada houve de semelhante no Egito, desde a origem até ao presente. Coloca, portanto, em segurança, o teu gado e tudo quanto tiveres nos campos, pois todos os homens e todos os animais que se encontrarem nos campos, sem terem regressado a casa, serão atingidos pelo granizo e morrerão.

 

    Entretanto, entre os servidores do Faraó, aqueles que temeram a palavra do Senhor, mandaram recolher às suas casas os seus servos e rebanhos. Aqueles que não fizeram caso deixaram nos campos os seus servos e os seus rebanhos. Por mais esta recusa, o Senhor ordenara, então, a Moisés: “Estende a mão para o céu, a fim de cair granizo em todo o Egito, sobre os homens, sobre os animais e sobre toda a verdura dos campos”. Moisés estendeu a sua vara para o céu, e o Senhor enviou trovões e granizo, e o fogo do céu caiu sobre toda a terra. Choveu granizo e os relâmpagos misturavam-se ao granizo, tornando-se tão violento que nada houve de semelhante em todo o Egito. O granizo destruiu por todo o Egito, quanto havia nos campos, homens, animais, destruiu toda a verdura e quebrou as árvores. Apenas a terra de Gessen, onde viviam os filhos de Israel, foi poupada ao granizo.

 

    Constatando este flagelo, o rei mandou chamar Moisés e Aarão, manifestando a sua culpa, dizendo-lhes: “Desta vez confesso o meu pecado. O Senhor é justo; eu e o meu povo é que somos culpados. Rogai ao Senhor que acabe com os trovões e com o granizo e eu deixar-vos-ei partir, sem tentar reter-vos”. Moisés respondera: “Logo que sair da cidade, levantarei as minhas mãos para o Senhor. Os trovões terminarão e não haverá mais granizo para ficares a saber que a terra pertence ao Senhor. Moisés retirou-se da casa do Faraó e saiu da cidade. Ergueu as mãos para o Senhor, e os trovões e o granizo cessaram e a chuva deixou de cair sobre a terra. Vendo que a chuva do granizo e os trovões tinham cessado, o Faraó continuou a pecar e a endurecer o coração, continuando a não deixar partir os filhos de Israel.

 

    Perante este procedimento, Deus enviou a oitava praga – os gafanhotos. Porém, Moisés e Aarão foram ter novamente com o Faraó e com a indicação que Deus lhes dera, comunicando-lhe o seguinte: “Assim fala o Senhor, o Deus dos hebreus: Até quando recusarás curvar-te submissamente diante de Mim? Deixa partir o Meu povo, a fim de me oferecer sacrifícios. Se te opuseres a isso, trarei, amanhã, gafanhotos sobre toda a extensão do teu país. Cobrirão a superfície da terra até não poder ser vista. Devorarão o resto das colheitas que escaparam do granizo, devorarão todas as árvores que crescem nos vossos campos. Encherão as tuas casas, as casas dos teus servidores e as casas de todos os egípcios. Será uma tão grande calamidade, que os teus pais e os pais dos teus pais nunca viram igual desde que chegaram a esta terra”. Depois de Moisés se ter retirado da casa do Faraó, os servidores do rei do Egipto disseram-lhe, em lamentos: “Durante quanto tempo ainda este homem será causa da nossa desgraça? Deixa partir essa gente para oferecer sacrifícios ao Senhor, seu Deus. Não compreendeste ainda que o Egito caminha para a ruína?” Mandaram, então, Moisés e Aarão comparecer novamente diante do rei, que lhes disse: “Ide render culto ao Senhor, vosso Deus. Quais são os que devem partir?” Moisés respondeu: “Iremos todos, novos e velhos, com os nossos filhos e as nossas filhas, com as nossas ovelhas e os nossos bois, porque temos de celebrar uma festa em honra do Senhor.” O Faraó retorquiu: “Assim o Senhor esteja convosco como é certo que vou deixar-vos partir com os vossos filhos! Tende cuidado, porque não é com boas intenções que procedeis.” Mas, arrependendo-se do que tinha prometido, retorquiu de novo: “Não, não! Ide apenas vós, os homens, e oferecei sacrifícios ao Senhor, pois esse é o vosso desejo.” E, em seguida, foram afastados da presença do Faraó.

 

Macedo Teixeira, Caminho de Luz e Sombra, Chiado Editora, Lisboa, 2013, pp. 46 a 51.

(iv). Bíblia Sagrada”. Editorial Verbo – Lisboa, 1976 – Edição Comemorativa da visita de Sua Santidade João Paulo II a Portugal – Êxodo, págs. 66 a 86. [a citação é até à pág. 78, de Êxodo 1 até Êxodo 12:38.]