Amanhã Poderá Ser tarde / Tomorrow It May Be Late

06-03-2015 17:32

Amanhã Poderá Ser tarde

Macedo Teixeira

    Quem não vê a sua própria vida dificilmente verá a dos outros. Quero com isto dizer que é necessário prestarmos atenção à nossa própria vida; pensarmos nela e escutarmos as suas necessidades. Não que este movimento introspetivo seja fácil nos dias de hoje; levamos a vida com tanta correria que nem nos apercebemos de que desejos pessoais são aqueles que temos em cada momento que vivemos. A maior parte das vezes fincamo-nos no automóvel, na chávena de café, no dito de espírito; “Olá, está bom? Como vai?...”; mais do que a saudação e cumprimento venerado e respeitado; mais na corrida do automóvel e no hábito do café do que na responsabilidade e socialidade que estes nos dão para vivermos melhor a vida. Servimo-nos de tudo a correr e não temos sabor em nada; vale-nos a noite porque nela descansamos para o dia seguinte; e, às vezes, também dormimos a correr porque o tempo e as preocupações não nos dão descanso nem nos deixam viver de outro modo.

    Meus caros leitores e amigos, sei que estou a escrever sentimentos e ideias que bem conhecem, mas tenho consciência de que é preciso que alguém nos faça pensar um pouco na nossa vida; e o momento em que lemos pode ser o sal para temperar a nossa consciência, o açúcar para adoçar os nossos sonhos ou a água para limparmos algumas manchas; aprendemos com os sentimentos e exemplos dos outros, também!

    Sejam, entretanto, as ideias que hoje vos transmito algum açúcar para adoçar os vossos sonhos porque a vida precisa da nossa atenção, e a começar em nós e naqueles que nos estão mais próximos. Não se pode viver só a correr ou só a dormir; não se pode viver só pelo transitório e efémero; a vida não é provisória nem se conserta como se consertam os objectos. Não vos convido a andarem a olhar para tudo e a prestarem atenção a tudo; convido-vos a olhar conforme as vossas possibilidades e a permanecer nos vossos atos sociais conforme o vosso tempo e disposição. Convido-vos a apreciarem o que fazemos e as coisas que criamos; se não prestamos atenção ao que humanamente criamos, porque é que estamos tão apressados, só para corrermos? A pressa justifica-se para chegarmos ao que fazemos e para gozarmos o que criamos; mas se só tivermos pressa para andarmos em correrias; a vida não terá sabor e a nossa consciência perderá os sonhos, esfalfamo-nos e saturamo-nos de tudo!

    Quem não vê a sua própria vida dificilmente se aperceberá de que está a competir com a sociedade sem prestar atenção ao que é profundamente humano e fundamental para envelhecer no Tempo com a esperança numa vida plena e saudável; porventura com alguns sacrifícios e amarguras, mas realizada com atenção em cada tempo de espera, de trabalho ou de viagem. Se não dermos valor às coisas que temos, às casas, aos automóveis que construímos, aos filhos que criamos, à mulher que nos inspira, à conversa amiga que trocamos com um semelhante; que significado tem a vida e que significado têm as coisas? Não vos convido a andarem e serem moles nas vossas decisões, mas a apreciarem quem são, para apreciarem os outros e viverem com humanidade e socialmente humanos, porque amanhã poderá ser tarde demais.

 

 

Tomorrow It May Be Late

Macedo Teixeira

Who does not perceive his or her own life, will hardly perceive that of the others. I mean with this that it is necessary to pay attention to our own life; to think of it and to listen to its needs. Not that this introspective movement is easy nowadays; we live life with so much rushing that we do not even notice that personal wishes are those we have in each moment we live. Most often, we lean on the automobile, on the coffee cup, on the saying of spirit; “Hello! Are you fine? How are you?...”; more than the salutation and revered greeting; more on the automobile race and on the coffee habit than on the responsibility and sociality that these give us to live better our life. We make use of everything in a rush and we do not have zest for anything; the night is worth to us because we rest in it for the next day; and sometimes we also sleep in a rush because time and concerns do not give us rest and do not let us live otherwise.

My dear readers and friends, I know I am writing feelings and ideas you well know, but I am aware it is necessary that someone makes us think a little about our life; and the moment in which we read may be the salt to temper our conscience, the sugar to sweeten our dreams or the water to clean some spots; we learn with the feelings and examples of others, too!

Be, meanwhile, the ideas that I today transmit to you some sugar to sweeten your dreams, because life needs our attention, and beginning in us and in those who are nearer. One cannot live only in a rush or only sleeping; one cannot live only by the transitory and ephemeral; life is neither provisory nor it is repaired as objects are. I do not invite you to be looking to everything and paying attention to everything; I invite you to look according to your possibilities and to persist on your social acts according to your time and disposition. I invite you to appreciate what we do and the things we create; if we do not pay attention to what we humanly create, why are we so hurried, only to run? Hurry is justified to reach what we do and to enjoy what we create; but if we only have hurry to go rushing, life will not have zest and our consciousness will lose the dreams, we wear out and we become saturated with everything!

Who does not perceive his or her own life, will hardly notice that he or she is competing with society without paying attention to what is profoundly human and fundamental to grow old in Time with the hope in a full and healthy life; perhaps with some sacrifices and bitternesses, but carried out with attention in each time of waiting, of work or of journey. If we do not value the things we have, the houses, the automobiles we build, the children we raise, the woman who inspires us, the friendly talk we exchange with a fellow-creature; what meaning has life and what meaning have the things? I do not invite you to go and to be slack in your decisions, but to appreciate who you are, to appreciate others and to live with humaneness and socially human, because tomorrow it may be too late.